PortugueseEnglishFrenchSpanish
PortugueseEnglishFrenchSpanish

Palestra na Funceme apresenta resultados de estudos dos oceanos e seus impactos no clima

20 de outubro de 2017 - 09:00

Referência na área, o Prof. Dr. Edmo Campos, trouxe experiências inovadoras e discutiu ainda futuros projetos entre a Funceme e o Labomar
 

A Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) recebeu, nesta quinta-feira (19), o professor titular aposentado do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP) e membro da Academia Brasileira de Ciências, Edmo José Dias Campos. Ele apresentou recentes pesquisas na áreas da Oceanografia e comentou sobre as perspectivas de contribuição entre Funceme e o Instituto de Ciências do Mar (Labomar), onde ele atuará nos próximos 12 meses.

PhD em Meteorologia e Oceanografia Física pela Rosenstiel School of Marine and Atmospheric Science (RSMAS) da Universidade de Miami (EUA), Edmo Campos começou a estudar os oceanos quando ainda não havia muitos dados sobre a influência deles nas mudanças de tempo e clima.

Ele afirma que, somente a partir dos anos 90 e, muito intensamente, na última década, cientistas passaram a colaborar com pesquisas na área e foram surgindo novas ferramentas de observação.

“Hoje nós temos mais plataformas e esforços de observação do oceano, principalmente sobre o Atlântico Sul Tropical. Nos últimos 20, 30 anos houve um aumento significativo em termos de dados coletados e plataformas de monitoramento coletando dados de forma contínua e sistemática, coisa que nos anos 80 praticamente não existia”, explica o especialista.

Novos resultados

Com o tema “Impactos de variações na circulação oceânica e Temperatura da Superfície do Mar (TSM) no Atlântico Sul sobre o regime de chuvas no Brasil”, a palestra reforçou as possíveis alterações na circulação do oceano e suas relações com o clima na América do Sul.

“Eu diria que o clima do Nordeste é totalmente relacionado com o Pacífico e o Atlântico. O que acontece nestes oceanos afeta de forma direta o clima da região”, explicou.

O professor Edmo Campos apresentou ainda um artigo recém-publicado no Journal of Climate, dos Estados Unidos, que mostra que o aumento no vazamento das Agulhas (refere-se ao fluxo de água da corrente das Agulhas que introduz no Atlântico águas quentes e salgadas provenientes do oceano Índico) que pode ajudar a explicar interferências na precipitação do litoral do Ceará. Tal estudo foi também construído a partir de informações geradas pela Funceme.

“Este estudo é um indicador que alguma coisa está acontecendo nos oceanos de forma concreta. Já existem indícios de que o Atlântico está se alterando, possivelmente, devido à mudanças do clima e a questão que se coloca é sobre os impactos que isso tem no clima regional. Os estudos que nós temos feito têm nos levado a acreditar que sim, que há impactos”, disse o professor.

Campos afirmou que o fato da Funceme, em julho de 2017, ter passado a processar as previsões da TSM para todo o planeta serve para estreitar mais ainda os laços da Fundação com o Labomar, pois além de melhorar os prognósticos de chuvas no Ceará essas previsões são importantes também para os estudos na área de Oceanografia.

“É uma contribuição importantíssima. Eu acho que conhecer e entender o que está acontecendo na TSM é um passo importantíssimo para poder fazer previsões do tempo e do clima cada vez melhores. Eu diria que essa nova metodologia que a Funceme adotou vai contribuir de forma bastante significativa na qualidade dos produtos da instituição”, comentou Campos.

Troca de experiências

Presente na palestra, a diretora do Labomar, Profa. Dra. Maria Ozilea Bezerra Menezes, acredita que, com a chegada do professor Edmo Campos ao órgão, será possível fortalecer e ainda criar uma ponte mais firme entre o componente oceânico e o componente atmosférico e climático.

“Eu vejo de forma muito positiva esse momento e o reforço nesta cooperação que vem acontecendo a cada ano. Hoje nós já temos professores envolvidos em estudos da Funceme e do Labomar. Com a vinda do professor Edmo, eu acho que essa parceria vai se fortalecer mais ainda. A partir desta palestra provocativa, nós já conseguimos identificar áreas de interseção para trabalhos conjuntos como os próprios estudos do vazamento das Agulhas e outros”, finalizou.