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Funceme alcança resultados e reforça ações para conservação do solo e da água no Semiárido

20 de setembro de 2017 - 14:00

 

Além da Meteorologia, uma das principais áreas de atuação da Funceme ao longo de sua história tem sido a de Meio Ambiente. Responsável pela cartografia temática do Ceará e por importantes estudos sobre recursos naturais, os profissionais que atuam neste campo têm conquistado avanços na aplicação de geotecnologias e outras técnicas e metodologias que permitem a geração de importantes informações com ênfase nos aspectos relativos a solos, vegetação, relevo e água nos níveis municipal, estadual, regional e nacional.

 

“O setor tem como objetivo gerar conhecimentos das potencialidades, limitações, capacidade de suporte e recuperação dos ambientes, visando direcionar as ações antrópicas para uma utilização racional e sustentável dos recursos naturais, dando subsídios à formulação de políticas públicas e ao planejamento do setor produtivo na convivência com as vulnerabilidades climáticas do Semiárido brasileiro”, explica a supervisora do Núcleo de Recursos Hídricos e Meio Ambiente (NURHA), Margareth Benício.

Hoje, os estudos e pesquisas sobre desertificação têm dado grande contribuição para o combate à desertificação, não somente ao Estado, mas também a toda a região Semiárida do Brasil. A instituição, através da sua área de Meio Ambiente, foi uma das pioneiras a se preocupar com a temática. Ao cumprir com sua finalidade, de melhor conhecer a natureza física do território cearense, a partir da década de 90 aprofundou sua base de dados mapeando as áreas degradadas suscetíveis aos processos de desertificação.

Importância

 

Referido estudo contribuiu para a primeira Conferência Internacional sobre Impactos de Variações Climática e Desenvolvimento Sustentável em Regiões Semiáridas – ICID, realizada em Fortaleza no ano de 1992, e serviu de base para a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (Rio 92). A partir daí vários outros estudos e pesquisas sobre o tema foram desenvolvidos pela Funceme, que passou a ser um órgão de referência.

Além da participação na execução do Programa estadual de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca – PAE/CE, que definiu três Núcleos de Desertificação no Ceará, elaborou o Zoneamento Ecológico-Econômico em dois desses núcleos, Irauçuba Centro-Norte e Inhamuns. Disponibilizando, aos municípios envolvidos, um poderoso instrumento para o uso e ocupação adequado e sustentável do território.

Ampliando sua atuação, a área de Meio Ambiente concluiu, junto com o Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), organização social ligada ao Ministério de Ciência Tecnologia e Inovação, um estudo sobre o estado da arte da “Desertificação, Degradação da Terra e Secas no Brasil”, lançado em 2016, onde consta o mapeamento de toda a área suscetível à desertificação do Brasil.

“Nos últimos anos o papel do Meio Ambiente da Funceme em relação ao tema desertificação, deixou de ser apenas o de mapear e monitorar os processos de degradação ambiental no Estado e passou a desenvolver também estudos aplicados”, comenta Benício.

A participação na execução e avaliação do Programa de Desenvolvimento Hidroambiental (PRODHAM), cujo objetivo foi o de desenvolver, em caráter piloto e experimental, ações articuladas e sustentáveis de recuperação/preservação dos recursos ambientais, foi uma experiência importante para os setores de Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Funceme.

Nesse contexto a instituição ficou responsável pelo Monitoramento Biofísico da microbacia do rio Cangati, em Canindé e pela avaliação da parte socioeconômica, além da execução de estudos de solos e hidrológicos. Uma das mais importantes características do programa foi a proposta de inovações tecnológicas no domínio hidroambiental, com a participação efetiva das populações envolvidas. Para a equipe dos recursos hídricos “a ideia é usar o conhecimento gerado através desse monitoramento em outras bacias semelhantes no Ceará, analisando as diferenças e adaptando as ações e intervenções relacionadas ao meio ambiente”, explica Porfírio Sales Neto, chefe da Divisão de Estudos Básicos e Sistema de Suporte (DISEB) da Funceme e um dos técnicos envolvidos no projeto.

Projeto Brum: antes e depois das intervenções da Funceme (FOTO: Arquivo)

“Com essa experiência a área de Meio Ambiente conseguiu a aprovação de um projeto, através de um convênio com o Ministério do Meio Ambiente, com recursos do Fundo Clima, e está recuperando uma área degradada em processo de desertificação localizada no Núcleo de Desertificação do Médio Jaguaribe, na sub-bacia hidrográfica do riacho do Brum, no município de Jaguaribe”, explica Margareth Benício.

O projeto consta da implementação de técnicas de manejo e conservação e visa criar pré-condições para a recomposição do solo e da vegetação, impactando na melhoria da qualidade da água e, consequentemente, proporcionando o retorno das condições do ambiente natural da caatinga. A área estava em elevado nível de degradação e após as intervenções, através do monitoramento realizado pela equipe técnica, constata-se respostas positivas às práticas, apresentando uma situação de recuperação bastante satisfatória.

Foco no Semiárido

Desde 2008, a área de Meio Ambiente vem sendo responsável por um dos maiores e mais importantes projetos para a agricultura do estado. Trata-se do Levantamento de Reconhecimento de Média Intensidade dos Solos do Ceará. “Conhecer os solos para melhor manejá-lo e conservá-lo e torná-lo mais produtivo é a meta principal dos estudos”, comenta Margareth Benício.

Através dos esforços da Funceme, o levantamento de solos já está concluído para uma área de 38.514 km2, correspondendo a 26% do território cearense. Até o final de 2018 o estudo estará concluído em mais 92.600 km2, que somada à área anterior cobrirá, aproximadamente, 90% do território cearense.

Esses estudos dão condições para elaborar uma das principais ferramentas para o setor agrícola, o Zoneamento Agroecológico, que ajuda e dá maior segurança na decisão de o quê e onde plantar, podendo indicar também o manejo mais adequado e, consequentemente, elevar a produtividade e promover a conservação do solo. Essas informações já estão disponíveis para a Mesorregião do Sul Cearense, elaborada pela a área de Meio Ambiente, após a conclusão do levantamento de solos para a região.

Outro importante projeto desenvolvido pela Funceme ao longo dos últimos anos trata do dimensionamento da região semiárida do Brasil. Em parceria com o Banco do Nordeste (BNB) o estudo, publicado em 2005, conceitua a semiaridez regional sob o aspecto geoambiental, baseando-se nas condições fito-ecológicas, isto é, que admite ser a vegetação, representada pela Caatinga, a melhor expressão do clima. O resultado é obtido através da integração de fatores geoambientais, envolvendo, além da vegetação e do clima, relevo, solos, litologias e hidrologia de superfície e de subsuperfície. De acordo com as características identificadas em cada ambiente é delimitada a região semiárida.

Novo mapa do Semiárido do Ceará após a inclusão de 15 novos municípios (MAPA : Funceme)

Esses estudos mostraram que o Ceará tem 92% do seu território no Semiárido, totalizando 181 municípios que apresentam alta vulnerabilidade e graves problemas ambientais, econômicos e sociais. Pela delimitação oficial, estabelecida em Portaria pelo Ministério da Integração Nacional-MI, o Ceará tem 86,8% do seu território no semiárido, são 150 municípios inseridos. Em 2017, a partir de tais pesquisas e com respaldo dos dados pluviométricos da Funceme, a mais recente resolução aprovada pelo Conselho Deliberativo da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Condel) inclui mais 15 municípios, porém esse número pode aumentar, pois, com apoio do governador Camilo Santana, o órgão busca a inclusão de, pelo menos, mais 10 outros.

Mapeamento dos Recursos Hídricos

Como resultado de um trabalho criterioso e minucioso, o setor de Meio Ambiente da Funceme concluiu, em setembro de 2016, mais um Mapeamento dos Espelhos D’água das 12 bacias hidrográficas do Ceará. Foram digitalizados açudes e lagoas com área mínima de 0,3 hectares, o que significa um nível de detalhamento inédito no Estado e com precisão exata de localização, já que todos os espelhos estão georreferenciados.

No mapeamento foram identificados, localizados e medidos 28.195 espelhos d’água encontrados nas imagens dos satélites Landsat 5 e 8 entre os meses de agosto e setembro de 2013. O resultado é um mapa do Ceará com milhares de pontos azuis, tendo essencial relevância para a gestão de recursos hídricos, agricultura e Defesa Civil.

Um novo mapeamento foi executado pela equipe, mostrando a situação desses reservatórios em 2016, após cinco anos de precipitações abaixo da média histórica. O número foi reduzido em, aproximadamente, 67%, sendo identificados apenas 9.303 como espelhos d’água em todo o território cearense. Essa informação é útil para o planejamento de diversas ações do Estado.

Dentre essas ações inclui-se também a carcinicultura, outro tema muito estudado e mapeado por essa área, desde 1991. Atualmente está sendo iniciado um novo estudo, buscando identificar a situação atual e a evolução dessa atividade em termos de área ocupada.

Futuro

 

Entre os projetos que estão em andamento, está o Mapeamento das Áreas de Risco de Incêndios Florestais no Estado do Ceará, que tem como objetivo mapear as tais áreas utilizando geotecnologias, com o intuito de fortalecer a operacionalização do Programa Estadual de Prevenção, Monitoramento, Controle de Queimadas e Combate aos Incêndios Florestais (Previna).

Margareth Benício lembra também que, para os próximos anos, a área de Meio Ambiente da Funceme tem a missão de fortalecer os estudos relacionados à cobertura vegetal, uso e ocupação da terra, solo e degradação ambiental, dando importante subsídios para o combate à desertificação, planejamento agrícola e gestão dos recursos hídricos. Além de todas essas atribuições dentro da Secretaria dos Recursos Hídricos, a Área de Meio ambiente da Funceme, desenvolve várias atividades técnicas para a outras secretarias, destacando as Secretarias do Meio Ambiente do Estado e da Prefeitura e Secretaria de Desenvolvimento Agrário, buscando sempre gerar informações confiáveis e atualizadas para o manejo mais adequado e sustentável dos recursos naturais do Estado do Ceará.

FONTE: Assessoria de Comunicação da Funceme