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Funceme participa em Brasília de evento preparatório para o 8o Fórum Mundial da Água

11 de abril de 2017 - 22:33

Presidente da instituição, Eduardo Sávio Martins, foi convidado para palestrar no Painel sobre “Segurança hídrica e as alterações climáticas”

Há pouco menos de um ano para a 8ª edição do Fórum Mundial da Água , que acontecerá em março de 2018, em Brasília, o Correio Braziliense realizou, nesta terça-feira, 11 de abril de 2017, o evento “Correio Debate: o desafio hídrico e os preparativos para o 8º Fórum Mundial da Água”. O encontro reuniu nomes importantes ligados ao tema, entre políticos, especialistas e acadêmicos, que discutiram os desafios da gestão e utilização dos recursos hídricos no Brasil e no mundo, abordando assuntos relacionados ao que será apresentado no Fórum.

Um dos convidados foi o presidente da Presidente da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), Eduardo Sávio Martins. Ele participou do primeiro painel do evento: “Segurança hídrica e as alterações climáticas”. Martins falou sobre o trabalho que vem sendo desenvolvido no Nordeste em preparação às secas, notadamente a articulação entre os estados e a Agência Nacional da Água para elaborar mensalmente os mapas do Monitor de Secas do Nordeste.

O Ceará passa pelo pior período de estiagem prolongada desde 1910 e a seca castiga outros estados da região, assim como o distrito Federal, que enfrenta sua pior crise hídrica.  Nessse contexto, os participantes do debate defendem que o racionamento de água é um instrumento de gestão que deve continuar sendo usado. A preocupação dos painelistas é que, mesmo em épocas chuvosas, os reservatórios não alcancem o volume necessário (al qual foi observado no Ceará nos meses de fevereiro e março últimos), e a situação se agrave muito durante o período de seca.

Para o presidente da Funceme, a relação de parceria com a população é essencial. Ele defendeu que, com diálogo, é possível explicar as reais necessidades de economia de água. “Dizer que tem de fazer racionamento parece palavrão. Mas não é. É um dos instrumentos de gestão. A crise está se aproximando, nós temos que contar com o racionamento. Isso não deve ser tido como palavrão. Se bem explicado, se bem comunicado, a população entende”, argumentou.  

Na opinião de Martins, o racionamento no DF deveria ter sido pensado há mais tempo, pois não se trata de uma solução diante da crise. O problema exige mudanças de rotina e da maneira como os reservatórios são usados. Além disso, é preciso que a informação seja contínua, e não esporádica, em momentos de crise. “Se está chovendo, na hora que tira a campanha, a mensagem que está sendo passada é que o problema acabou, então não precisa mais da mobilização que estava sendo feita. E não é assim”, disse.

Conscientização da comunidade

O coordenador do Programa de Pós-Gradução em Tecnologia Ambiental e Recursos Hídricos (PTARH) da Universidade de Brasília (UnB), Carlos Henrique Lima, também acredita que a comunidade precisa se conscientizar sobre a importância do uso sustentável da água, já que o nível dos reservatórios pode não ser suficiente para a região encarar o período de seca. “A população tem de lidar com isso economizando água. Fechando as torneiras, no banho, na louça. É fundamental o racionamento. Todos têm sofrido, mas a situação pode ser muito crítica, já que não temos garantia nenhuma de que a estação chuvosa pode encher os reservatórios”, alertou.

Lima lembrou ainda que é importante considerar o fenômeno de mudanças climáticas. O aumento dos gases do efeito estufa, frisou, eleva a temperatura e reflete na segurança hídrica. “E quais são os impactos e riscos dessas mudanças naturais? A gente espera que as secas sejam mais intensas e frequentes. Outro ponto é ter um número maior de cheias, de enchentes”, disse.

Reduzir a demanda

Terceiro participante do primeiro painel, Felipe Eugênio Sampaio, professor mestre em tecnologia ambiental e recursos hídricos do Curso de Engenharia Civil do Centro Universitário Iesb, destacou que conquistar a segurança hídrica é um desafio. De acordo com ele, para existir essa segurança é necessário que a oferta e a demanda de água sejam iguais, o que, na prática, não acontece. “O grande problema reside no fato de que a demanda vem aumentando muito rapidamente, conforme a população cresce. Estima-se que, a cada 20 anos, o volume de água consumido dobre.”

Neste momento, o foco deve estar na redução da demanda de água, criando, por exemplo, fontes alternativas: aproveitamento da chuva, reúso da água, dispositivos economizadores. Para ele, é necessário que essas soluções sejam colocadas em prática o quanto antes, principalmente nas residências, que costumam ter práticas não sustentáveis, como o uso de água potável para descarga em privadas. “O problema da água é que, apesar de ser renovável, ela não é inesgotável, ela tem limite”, destacou.

Fonte: Correio Braziliense e Assessoria de Comunicação da Funceme
11 de abril de 2017