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Florestas tropicais no CE se adaptam às mudanças do clima, diz estudo

2 de maio de 2014 - 18:32

Em parceria com a Funceme, pesquisador Vincent Montade analisou bio-indicadores da Serra de Maranguape

 

O Estado do Ceará, apesar de ter 84% de sua área em clima semiárido, ainda preserva resquícios de florestas tropicais. Isso acontece nas áreas serranas, com altitude, temperatura e umidade propícias à resistência desse microclima. A presença dessas florestas na região são muito importantes porque contribuem para a manutenção dos recursos hídricos e da biodiversidade, importantes para os recursos naturais e agrícolas que servem à população local.

Interessado em entender como essas áreas mantiverem-se preservadas, o pesquisador francês Vincent Montade – em parceria com a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), o Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento (IRD-França) e a Universidade Federal do Ceará (UFC) – realizou uma análise paleo-ambiental do solo na Serra de Maranguape, na Região Metropolitana de Fortaleza. Como resultado, ele publicou o artigo que trata da variabilidade climática durante os últimos 5.000 anos e respectivas respostas da biodiversidade das florestas tropicais.

Com o título “Olhando para passado para compreender o futuro: Variabilidade Climática no Quaternário e Respectivas Respostas da Biodiversidade na Região Nordeste do Brasil”, o artigo de Vincent Montade, publicado na revista Journal of Biogeography, resgata os impactos das mudanças do clima na área pesquisada e projeta impactos de futuras alterações de temperatura e pluviometria. “O estudo das mudanças da vegetação e do clima no passado, são exemplos para melhorar a compreensão da dinâmica da vegetação e da mudança climática no futuro para antecipar e adaptar as políticas de gestão e conservação”, explica o pesquisador.

Conclusões

Vincent Montade fez análises de bio-indicadores a partir um núcleo de sedimento que foi coletado no brejo no Serra de Maranguape e concluiu essas florestas tropicais se mostram sensíveis às mudanças climáticas no passado, em particular, variações na precipitação. No entanto, essas florestas tem sobrevivido apesar das mudanças climáticas abruptas nos últimos 5.000 anos, o que demonstra sua capacidade de adaptação.

“Enquanto a biodiversidade parece permanecer estável, há uma reorganização das comunidades vegetais que permitem a sobrevivência da maioria das espécies. Este ponto é muito importante para a preservação do ecossistema dessas florestas que são reservatórios de biodiversidade e recursos hídricos importantes em uma área com um clima semiárido”, destaca.

Apesar da capacidade de adaptação dessas florestas, o pesquisador alerta que as perturbações humanas na Serra de Maranguape podem enfraquecer a resistência dessa biodiversidade dentro de um cenário de aquecimento futuro do clima. “Parece, portanto, fundamental promover áreas conservação e minimizar as perturbações antrópicas que possam perturbar a composição da vegetação”.

As conclusões do trabalho podem ser conferidas no artigo científico intitulado “Stability of a neotropical microrefugium during climate instability” para a revista Journal of Biogeography: http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/jbi.12283/abstract

Fonte: Assessoria de Comunicação da Funceme

Guto Castro Neto – (85) 8814-4194

2 de maio de 2014